terça-feira, 3 de abril de 2012

A quaresma e o Carnaval

A origem do carnaval é incerta, mas a palavra vem do latim “carnem levario” ou “carnelevarium” , palavra dos séculos XI e XII, que significava a véspera da quarta-feira de cinzas, isto é, a hora em que começava a abstinência da carne durante os quarenta dias nos quais, no passado, os católicos eram proibidos pela igreja de comer carne.
Lenita Medina relata a origem do termo italiano carnevale (a carne se vai), período anual de festas profanas que se iniciava no Dia de Reis (Epifânia) e que se estendia até a quarta-feira de cinzas, dia em que começavam os jejuns quaresmais.
Segundo Mara Barrionuevo, a origem do carnaval pode estar entre as mais antigas celebrações orgíacas de caráter religioso da Antigüidade, dentre as quais as Saturninas Romanas, festival religioso que celebrava a entrada da primavera. "Dois carnavais foram instituídos com o passar do tempo: O de primavera e o de inverno", onde o carnaval de inverno remonta aos dois festivais celtas: Beltane, o carnaval da Primavera e Samhain, o Festival de Inverno, momentos considerados sagrados pelas antigas culturas.
Os romanos, sob a proteção da deusa Carna e do deus Jano, durante uma semana festejavam uma pausa no tempo, um período de suspensão quando toda a regra era abolida. As classes sociais deixavam de existir e a sexualidade era liberada. Posteriormente, esse tempo foi reduzido para três noites e três dias, período concedido também aos mortos no Samhain, o Festival dos Mortos (as máscaras carnavalescas seriam uma alusão às máscaras mortuárias). 
Outra possível origem do carnaval, na opinião de Mara, são os Mistérios de Elêusis, as festas da deusa Deméter. "Conta a lenda que Deméter, uma das filhas de Gaia (a Grande Deusa que dançando criou o mundo), junto com seus irmãos, os Titãs, foi condenada a viver nas profundezas da terra, mas Deméter aprendeu a mar seu local de exílio e quando ganhou a liberdade tornou-se a Deusa da Natureza.
Sua filha Kore, certo dia quando apreciava as flores, foi raptada por Hades, o Senhor do Submundo. Desesperada, Deméter procurou a filha por todos os cantos da terra, mas não encontrou. Cansada da busca, sentou em uma pedra travestida como uma velha senhora, quando foi vista pelas filhas do Rei de Elêusis, que levaram-na ao palácio de Celeu e Metanira, onde foi encarregada de amamentar o príncipe Demófon. Para retribuir a hospitalidade do rei, Deméter resolveu tornar o príncipe um imortal. Para isso, todas as noites o untava com ambrosia e colocava para dormir dentro da lareira. A rainha Metanira, observando a ama, ao ver o filho na lareira começou a gritar, desfazendo o encanto. Depois de se mostrar a Metanira com toda a sua glória, Deméter deixou o palácio e partiu novamente em busca da filha.
Procurou Hécate, a feiticeira, para juntas implorarem a Hélios, o Sol, que lhes dissesse o paradeiro de Kore. Hélios contou que Kore fora raptada por Hades e que agora chamava-se Perséfone, a Senhora do Submundo. Deméter então pediu a Zeus, irmãos de Hades, para que conseguisse com Hades a liberação de Perséfone. Diante a recusa de Zeus, furiosa Deméter fez secar toda a terra, proibindo qualquer árvore de florescer. Assustado, Zeus pediu a Hades que devolvesse Perséfone à mãe. Hades não pôde discordar do irmão, mas antes fez com que a deusa ingerisse sete sementes de romã, pois, de acordo com a lei, aquele que comesse no submundo, jamais poderia voltar dele. Assim, ficou decidido que Perséfone passaria nove meses do ano com Deméter e três meses com Hades, no submundo. Com a volta da filha, Deméter tornou o mundo novamente verdejante e para recompensar os soberanos de Elêusis, pela acolhida, iniciou o príncipe Demofon nos mistérios agrários, ensinando-o a plantar trigo, cultura que não existia".
A deusa Deméter era homenageada na primavera com os pequenos mistérios e a cada dois anos com os grandes mistérios. No final dos ritos acontecia uma festa, quando os novos iniciados tomavam o poder da cidade de Elêusis por algumas horas. Em sua volta a Atenas, vestindo longas túnicas e máscaras que os deixavam irreconhecíveis, eram aguardados pelo povo, que assistia as cerimônias fora dos templos, na ponte sobre o rio Cefiso. Ali faziam uma apresentação e protegidos pelas máscaras criticavam os poderes e denunciavam injustiças verbalmente e através de gestos. O povo imitava esses trejeitos e ria com eles. Ao final da noite, os novos iniciados trocavam de roupa e fugiam para não serem reconhecidos.

"O carnaval transformou-se numa festa alegre e colorida que permite às pessoas se desligarem do mundo real e entrarem num mundo mágico onde tudo é possível. O que os carnavalescos não sabem é que, todas as vezes que saírem às ruas fantasiados, repetem sem querer os antigos mistérios de Elêisos e das Saturninas Romanas, homenageando assim os deuses antigos e trazendo de volta à vida a Celebração dos Mistérios", conclui Mara. (Jornal O Exotérico - Fevereiro de 1997.)
Ainda segundo a opnião de Lenita Medina é apartir da sétima lunação, depois de NANÃ (26 de julho), começa o período mais negativo, atuante sobre os seres viventes: o Carnaval.
Todos os erros conscientes ou inconscientes praticados pelo ser humano, até o dia de Nanã, são débitos jogados contra os créditos das boas ações e atitudes, e sendo o saldo negativo, será cobrado no período do carnaval, pois que todo o Exu, tem por ordem superior, a liberdade por 24 horas (terça-feira gorda) para começar a dita cobrança, da qual ninguém escapa. Por influência direta dos próprios Exus, os seres encarnados, aumentam ao seu bel-prazer, os dias e as orgias carnavalescas, aumentando assim por conta e risco, o período de cobrança. É por isso que os filhos da Umbanda, desenvolvidos ou não, devem se abster do uso de fantasias, máscaras, bebida, de utilizar à título de folguedo coisas e apetrechos da religião, enfim podem ver e assistir os outros neste período. Entenda-se que a abstinência não chega a ser uma proibição, com o que, seria ferido o LIVRE ARBÍTRIO de cada um, porém é um alerta vigoroso sobre a inconveniência altamente lesiva ao bem estar espiritual.
Normalmente no mês de julho, toda a humanidade tem um declínio nas freqüências recebidas do espaço até o dia 26, melhorando no princípio de agosto. Isto se deve ao fato de a Freqüência Vibratória emanada dos Orixás, atingir em 26 de julho o ponto Neutro, ou Zero na escala, portanto a época é difícil para todos e muito mais para aqueles que não tem o devido equilíbrio.

A quaresma

Um dos relatos mais limpos que encontrei esta reproduzido abaixo.



A palavra Quaresma vem do Latim quadragésima e é utilizada para designar o período de quarenta dias que antecedem a Ressurreição de Jesus Cristo, comemorada no famoso Domingo de Páscoa. Esta prática segundo alguns, se consolidou no final do século III, tendo sido citado no 1° Concílio de Nicéia, no ano 325. Na Quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas e termina na quarta-feira da Semana Santa, os católicos realizam a preparação para a Páscoa.
Essencialmente, o período é um retiro espiritual voltado à reflexão, onde os cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a acolhida do Cristo Vivo, ressuscitado no Domingo de Páscoa.
Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia. Nela, é relatada as passagens dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egito, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer.
O espírito da quaresma para os católicos deve ser como um retiro coletivo de quarenta dias, durante os quais a Igreja, propondo a seus fiéis o exemplo de Cristo em seu retiro no deserto, se prepara para a celebração das solenidades pascoais, com a purificação do coração, uma prática perfeita da vida cristã e uma atitude penitencial.,,” (Umbanda sem mistério)
...Jesus, antes de iniciar sua vida pública, passou pelo ritual de purificação, foi ao deserto e jejuou quarenta dias e quarenta noites (Mateus 4,2) para preparar-se para sua missão. E depois, ressuscitado, permaneceu quarenta dias com os apóstolos (Atos 1,3) ensinando-os, renovando-os para a nova fase da missão.
E por que quarenta? Até a ciência moderna utiliza o termo quarentena para determinar o isolamento por perigo de contaminação de doenças. Os astronautas ficavam de quarentena (só que de 21 dias) quando voltavam da Lua. De onde vem esse número? Quarenta é o número de semanas que demora para a gestação de um ser humano, o tempo que levamos para adquirir vida, desenvolver um organismo apto a sobreviver. Coincidência? Creio que não!...” (Ciência e Religião - Mário Eugênio Saturno)
A quaresma é um período entendido e tratado de maneira peculiar na visão de diversas religiões, mas na sua essência representa um processo necessário na vida de todo ser humano, a reflexão buscando auto conhecimento.
Todo espiritualista sabe e se prepara para as alterações energéticas geradas durante os três ciclos (Carnaval, Quaresma, Semana Santa),
Se a Umbanda é uma religião Cristã, porque não deveríamos seguir o exemplo do nosso mestre, que antes de iniciar uma nova fase, um ciclo que deixaria marcas na eternidade, guardou silêncio, refletiu, lutou contra seus demônios interiores e venceu.
Cada umbandista sabe que a mudança faz parte do aprendizado e crescimento espiritual, devemos vencer os demônios da vaidade, inveja, egoísmo e tantos outros, para merecer a oportunidade de trabalhar na corrente de um terreiro.
Umbandista, entre nesta vibração que está sendo gerada pelos seguidores de várias religiões e retire o melhor que puder para sair renovado e ter condição de assumir a grande e difícil responsabilidade de ajudar o próximo, sem julgamentos, sem preconceito, seguindo mais uma vez o exemplo do mestre.
Quem sabe assim, com resignação e disciplina você também não deixe sua marca na história.
O centro espírita é um pronto-socorro
espiritual, os irmãos necessitados que buscam ajuda não escolhem períodos determinados para solicitar auxilio e seria muito contraditório achar uma porta fechada justo no momento de maior precisão.
Se há tantos espíritos perturbados soltos durante a quaresma, é justamente nela que precisamos trabalhar para auxilio deles e de quem mais nos procurar.
Esta casa não fecha suas portas durante a quaresma, guardamos os atabaques e as palmas em sinal de respeito e por entender que é um período energeticamente instável.
Pedimos a todos que trabalham ou freqüentam nossa casa que aproveitem também a quaresma para fazer uma purificação interior, conversem com os pretos velhos, participem das giras, façam as limpezas indicadas, mas não se esqueçam de refletir sobre seus “demônios interiores” aqueles que não deixam você ver a luz que existe em seu coração e que poderia iluminar muitas pessoas em seu caminho.


Dessa forma passamos por um período de teste e reconciliação para retornarmos ao nosso trabalho de caridade.
Encontro-os em nossa casa para continuarmos o trabalho de aprendizado e assistência.


Ary

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